CATANDO PAPÉIS & CONTANDO HISTÓRIAS

segunda-feira, março 29, 2010

POLÍCIA MILITAR DO AMAZONAS (VI)

Em frente com a história da corporação militar estadual:

Presidente Tenreiro Aranha



Elevado o Amazonas à categoria de província, a 7 de Junho de 1851, João Batista de Figueiredo Tenreiro Aranha é nomeado seu presidente. Autores destacados da história regional são unânimes em considerar de equidade a designação deste político para instalar a nova província. A razão é singular: a despeito de representar na Assembléia Geral a província do Pará, como deputado, Tenreiro Aranha propugnou com longo e tenaz esforço pela emancipação amazonense, sendo autor de indicação com esse objetivo.


Com o dever de instalar a província do Amazonas, Tenreiro Aranha embarca em Belém, a 9 de dezembro, no vapor de guerra Guapiaçu. “A bordo trouxe todo o pessoal nomeado pelo governo geral para as repartições civis e militares da nova província, menos o coronel Albino Pereira dos Santos, que ocupava em Manaus o comando em chefe militar”, narra o primeiro filho do presidente. A comitiva desembarca em Manaus a 27 de dezembro, após dezoito dias rio acima.


Em retribuição a tão soberbo empenho, na primeira década do século passado, o Amazonas erige-lhe o monumento inaugurado na praça que leva seu nome. No entanto, em 1932, para monumentalizar a praça Cinco de Setembro ou, se preferir o popular, da Saudade, esta memória é ali remontada.

  • Instalação da Província do Amazonas
“Eram nove horas menos dez minutos da manhã”, de 1º de Janeiro, quando a Câmara Municipal se reúne, em Manaus, presidida pelo vereador João Ignacio Rodrigues do Carmo, para instalar a Província do Amazonas. E empossar seu primeiro presidente, João Batista de Figueiredo Tenreiro Aranha. Empossa ainda as autoridades nomeadas pelo Imperador e as necessárias a administração provincial.


A cerimônia ocorreu na Câmara provincial, abrigada em uma das melhores edificações da cidade, localizada à rua da Instalação (por isso a hodierna denominação) esquina da rua Frei José dos Inocentes. O edifício subsistiu por décadas, mas o progresso avassalador levou à demolição. A solenidade encerra-se sob os festejos de praxe e com o Te Deum entoado na modesta capela de Nossa Senhora dos Remédios, em razão do desaparecimento da Matriz, arrasada por incêndio.


No termo do Auto de Instalação da Província, conta-se um respeitável número de assinaturas, nenhuma feminina! Essa ausência se devia por “proibição machista” ou pelo pouco trato das damas com a caligrafia. Ou ambos? Entre as marcas pessoais, destaco as de José Antônio Barroso, “vereador e alferes da Guarda Policial”, precedendo a de Albino dos Santos Pereira, tenente-coronel comandante do Comando Geral Militar. Há dúvidas insanáveis sobre a origem militar do vereador José Barroso. Pertenceria a alguma remanescente Guarda Policial ou à Guarda Nacional? Não obstante o desconhecimento de outro registro esclarecedor, ele representa a instituição policial militar no mais alvissareiro acontecimento político do Amazonas.


Distinguem-se respeitáveis presenças: a de Justo Mavignier de Castro, que nos legou sobressaída descendência. A de Severino Eusébio Cordeiro, tenente ajudante de ordens do presidente Tenreiro Aranha. Este, sim, o primeiro comandante da Policia Militar do Estado. Mais outra, de Manoel da Silva Ramos, proprietário do primeiro matutino a circular na província – Cinco de Setembro - e progenitor de respeitável prole.

Comandos parciais


O Presidente Tenreiro Aranha, como medida usual, também elabora seu Relatório, em 30 de Abril, destinado ao Governo Imperial, noticiando a instalação da nova Província. Adota exposição bem singela: repete as informações recebidas na Exposição do governante paraense e, em seguida, anota as disposições tomadas.


Tenreiro Aranha informa da criação de “22 comandos parciais” de Guarda Policial, embora, “atualmente só seis se acham preenchidos”. Nada esclarece sobre as localidades. Nenhuma palavra sobre o pessoal ou os comandantes. O Presidente paraense havia julgado desnecessários tais “comandos parciais”. Mas Tenreiro Aranha, dispondo de efetivo militar aquém do requerido, decide empregar os guardas na manutenção das fronteiras provinciais. Em resumo: a situação dos guardas permanecia na mesma. (segue)

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