CATANDO PAPÉIS & CONTANDO HISTÓRIAS

quinta-feira, agosto 19, 2010

Espaço Cultural

Cultura diferenciada

Benayas Inácio Pereira



Após o Cooper dominical, esparramei-me no meu desconfortabilíssimo sofá para relaxar os músculos e pôr minhas cãibras em dia. Para não perder o vício liguei a TV e, fiquei fuçando programas nos canais fechados uma vez que os canais abertos são para mim, inassistíveis, pois além de eu não ser evangélico, não compro bugigangas que são oferecidas em 24 pagamentos sem acréscimos, e fujo velozmente de programas de auditório.


Foi assim que passando pela TV italiana (RAI) deparei-me com um programa inusitado. Todo ele passado ao vivo e de dentro de um teatro. A peça apresentada era “Ali Babá e os quarenta ladrões”. A despeito de grande orquestra, de um maestro maravilhoso e um apresentador fora de série, até aí, nada demais. A grande novidade para mim, é que os atores e o público eram todos formados por crianças entre sete e 12, 13 anos no máximo. Os atores – todos caracterizados – tinham em média 13 anos. Pela minha visão, na plateia deveria ter umas 800 crianças entusiasmadas que aplaudiam e sorriam ininterruptamente. Mais um dado interessante: Os pais não acompanhavam os filhos, o que sugere que eles deveriam estar em algum outro local aguardando o desfecho do programa. Na apoteose, os atores pegaram várias crianças na plateia e dançaram com elas numa alegria singular. Terminada a execução da peça, milhares de balões foram despejados da galeria em cima da molecada assistente. Após tudo terminado passei a fazer um exercício de imaginação. Meditei o que estaria se passando nos teatros do Brasil naquele momento. A conclusão chegou num átimo. Estavam todos fechados!


É comum ouvir-se dizer que o brasileiro não gosta de ler, não aprecia música clássica e detesta a arte como um todo. Analisando friamente o assunto fica evidente que os únicos culpados deste desleixo cultural praticado no nosso País, são os próprios governantes. Eu pergunto: – Será que as crianças italianas são diferentes das nossas? As crianças são idênticas. Os nossos dirigentes e que possuem mentalidade desigual! Preocupados com as eleições que se aproximam os mandatários da nação não devem ter assistido a este programa, mas se apenas um deles tivesse visto, quem sabe ele pudesse copiá-lo, imitá-lo ou mesmo criar alguma coisa parecida?


Acho que um evento deste tipo, não fica tão mais caro do que um “cachezinho” dado para muitos “artistas” oriundos lá do Sul trazendo aparelhos sofisticados pesando toneladas e que, outra coisa não faz além de ferir nossos tímpanos com seus altíssimos decibéis enchendo-os de uma “breguice” sem conta e ritmo de péssimo gosto. A exceção fica para o Festival de Óperas, isto é, muito pouco para matar a sede de quem gosta do que é bom.


E quanto à cultura para as crianças? Para quê? O povo? Como diria o ex-presidente Getúlio Vargas: – O povo? Ora, o povo!


Jovens da Zona Leste no palco do Chamine, Manaus - Natal 2002

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