CATANDO PAPÉIS & CONTANDO HISTÓRIAS

terça-feira, novembro 16, 2010

Rua Marechal Deodoro II

Retorno com a segunda parte da memória de André Jobim, autor de Velhos Tempos, sobre a rua Marechal Deodoro. O saudoso Jobim escrevia sobre matéria variada em crônica dominical, mas sempre reportando antigas lembranças. Este texto foi publicado em O Jornal (já desaparecido), em 21 ago. 1960. 
Chefatura de Polícia
A Marechal permanece em sua extensão como antes, porém mudou totalmente no comércio praticado. As grandes empresas deram lugar ao comércio varejista, marcantemente de confecções e calçados.
Quando Jobim publicou esta crônica, na esquina desta rua com a Sete existia a casa Colombo, descrita pelo autor. Do outro lado da calçada, existia a Chefatura de Polícia. Mais adiante, onde agora comercializa a Marisa, funcionava o Banco Ultramarino, depois o Banerj. Na outra esquina, pela rua Quintino Bocaiuva, estava a loja Pernambucanas.
Recolhi alguns anúncios de época para ilustrar a descrição de André Jobim.
 
Na atual turbulência da propaganda política, onde todos se julgam com direitos de salvadores deste imenso Brasil, voltamos os nossos olhos ao passado para reviver nos “Velhos Tempos”, as firmas comerciais que pontificavam na rua Marechal Deodoro, onde começamos a nossa vida de comerciário humilde. Talvez pouca gente se lembre, por isso nos custa fazer algumas referências, trazendo à lembrança velhos amigos e nomes que até hoje se destacam no presente, face às inovações e o modernismo avassalador, que entusiasma e que estarrece...
A tradicional Casa Colombo, ainda hoje sobre a direção do dinâmico José de Souza Azevedo com as suas três seções, dentre elas a lembrada “Fogo sem fumaça”, onde de tudo se encontrava, desde o perfume francês até os brinquedos alemães que expunha à venda por preços que assombravam, mas que hoje, talvez, nos decepcionasse. De seus auxiliares ainda nos lembramos de Anquises Índio de Maués, Arnon Oliveira, Antonio Rebello, José Lima, Manoel Bentes Vieira, Egidio Scardine, Jacy Pinto Freitas, d. Alzira Braga e Áurea Freire, dileta filha de Antonio Nonato Freire, funcionário da Delegacia Fiscal.

Chapelaria Goulart do velho Goulart Coelho, irmão de Abdon Coelho, chefe fotógrafo da Polícia Civil, esposo de dona Márcia e pai de Cilene Coelho Gioia, e de seus funcionários Saturnino Ribeiro, Augusto Lira, Antenor e Edgar Monteiro de Paula, Jacauna Maia, Ângelo Cardoso e Cisne Nonato. É hoje dirigida pelo velho Glicério Vieira.
Esta casa nos faz lembrar o seu fabuloso estoque de chapéus de palhinha, de fitas pretas e laços para trás, que fazia o encanto da moda modernista de “la belle époque”.


Henrique Perdigao & Cia., dirigida por José Victor, Aurélio Gomes e o velho Simpatia, funcionando hoje, em seu lugar, a firma Figueiredo & Cia.


Anúncio do moderno automóvel, em O Jornal, abr. 1960


Matos Areosa & Cia. Ltda., dirigida pela figura respeitável e estimada do comendador Antonio Duarte de Matos Areosa, o incentivador do seguro e primeiro representante da Companhia Aliança da Bahia, para quem comprou o prédio atual, ex-depósito da firma Tancredo Porto & Cia., pai extremoso de nossos amigos Danilo e Antonio Areosa que mantêm a mesma linha de impecabilidade comercial.
Lembramo-nos dos seus auxiliares L. Perdiz (atualmente nos Estados Unidos), Hermínio Silva, Prudêncio Barreiros Garcia, Manoel Cunha, ex-sócio da firma Tancredo Porto e fundador de uma firma na rua Guilherme Moreira, chamada M. C. Monteiro Mesquita & Cia., e do velho chaveiro José Lindo que, apesar de aposentado e de cabecinha algodoada, ainda hoje se distrai e se contenta em abrir as portas do escritório do fabuloso Deusdeth Fernandes, de idealismo primoroso igual a nós...

Banco Nacional Ultramarino S/A, onde velhos amigos ainda hoje vivem na labuta diária, dentre eles o velho Matos, Gercino Cunha Melo, Aguinaldo Archer Pinto, Silva, Geraldes, José Adrião, Manoel Pinto, Armando Mesquita, hoje proprietário da Fábrica Baré, orgulho da indústria de refrigerantes de nossa praça, e tantos outros abnegados e merecedores de nossa homenagem.

Ourivesaria Cantisanti, hoje a Gasônia.

Tabelião Lessa, onde trabalhavam o Dr. Marcionilo e Albino Lessa. Era aí o ponto de reunião de Aristóteles Mello, pai de Washington e Wilson Melo; desembargador Faria e Souza, Crisanto Jobim que, para ganhar o sustento de sua família, lavrava escrituras, e tantos outros que gostavam das “piadas e prosas” do velho Albino Lessa, pai de Nenê Lessa, fiscal da Prefeitura Municipal.

Na esquina, o famoso Café Ultramarino dos irmãos Marques, tios do Marques, atual gerente do Banco Ultramarino Brasileiro S/A.
Depois do almoço, era obrigatório ouvir-se a palavra inflamada do finado Manoelzinho, da Capitania do Porto, amigo inseparável do nosso amigo Walter Rayol. Era o ponto do cafezinho e dos comentários sócio-político-comercial da época.
Grandi & Cia., com o velho Grandi e o saudoso Benjamin Alves. O outro lado, onde é hoje A Pernambucana, era o Tabelião Dias e a banquinha de selos do sogro do saudoso Aluisio Ramos.
Souza Arnaud vendia geladeira movida à gás
C. E. Campos Vinagre, dirigida por Augusto Soares da Cunha, irmão do nosso amigo Manoel Soares da Cunha, da firma J. A. Leite & Cia., Serafim Araujo (conhecido por Cicatriz Vermelha), Ivan Valente e João Soares Vinagre (o Careca) e Guilherme, o Acapu.
Souza, Arnaud vendia caminhão na Marechal, março 1960 
J. A. Leite & Cia., com o velho Leite sempre sentado em sua cadeira predileta e exercendo as funções de caixa, Abílio Silva e Sá, Antonio José de Almeida Leite Loureiro, Antonio Guedes, Ermindo Fernandes Barbosa e tantos outros, dando lugar hoje a firma Souza, Arnaud, do nosso amigo Euclides de Souza Lima e seus filhos James e Douglas.

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