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domingo, janeiro 09, 2011

CINEMA DA CACHOEIRINHA (3)

Como aconteceu a outros cinemas de Manaus, o fechamento definitivo do Ipiranga foi inevitável e melancólico. Bem diverso da inauguração, morreu no Dia de Finados de 1983 em triste sessão noturna, em que poucas pessoas na platéia assistiram ao pornô Corrupção de menores.
Além da baixa frequência, outros fatores também contribuíram para o encerramento das atividades do cinema da Cachoeirinha, entre esses, pode-se destacar: gasto bastante elevado com a energia elétrica; multas em decorrência dos boxes instalados no prédio; o aluguel de filmes e a concorrência de cinemas instalados no centro da Cidade.
Em depoimento ao matutino A Notícia (8 dez.1983), Elza Bernardino, esposa de Adriano Bernardino Filho, comenta o encerramento deste cinema e as esperanças dela para o futuro:

“O público do Ipiranga já havia diminuído pela fraca qualidade dos filmes e a situação foi ficando cada vez mais difícil, tornando-se insustentável a manutenção do prédio, que apesar de estar em perfeito estado, era pouco frequentado. 
Loja da TVLar no prédio do extinto cine Ipiranga, 2011
(...) Enquanto não houver interesse pelo prédio, o cine Ipiranga continuará fechado. A intenção é arrendar ou vender a alguém que esteja disposto a utilizá-lo como cinema, pois “nada foi mexido”, não tem nada mudado e será triste vê-lo transformado em supermercado ou qualquer outra coisa. Infelizmente o perigo é esse, não tem nada resolvido sobre o destino do Ipiranga. Se puder reabrir, vai ser muito bom, pois além de ser importante para a memória de Manaus, causa uma alegria muito grande aos moradores locais, que já se acostumaram com o seu funcionamento mesmo sem um grande público".
Três anos depois, 154 cadeiras que pertenceram a este cinema foram instaladas no Teatro dos Artistas e dos Estudantes (atual Teatro Américo Alvarez), situado na rua Ramos Ferreira, quase esquina da rua Major Gabriel. Quanto aos projetores, ambos foram transferidos para o cine Veneza (Boulevar Amazonas) onde ainda permanecem; bem danificados e entregues ao abandono no que restou da antiga sala de projeção.

Com o fechamento do Ipiranga, o último remanescente de áureos tempos, encerrou-se o ciclo dos cinemas de bairro. O progresso, representado pela televisão e outros recursos tecnológicos, rendeu a velha forma de apreciar as imagens.

Texto de 
Ed Lincon, autor de Os cinemas de Manaus (em elaboração)

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