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quarta-feira, dezembro 21, 2011

A Cadeira 21 da Academia (1/2)

A poltrona azul 21 da Academia Amazonense de Letras (AAL) segue devidamente bem-comportada, ao menos quanto ao patronato do poeta Tenreiro Aranha, em oposição a outras (nº 13 e 30), que apenas se contentaram com a mudança do segundo patrono. Quanto aos ocupantes, há diversas nuances a considerar. O fundador da 21 foi o poeta Octavio Sarmento (1879-1926), filho de Joaquim Sarmento (padroeiro de rua no centro da capital) e pai de Sizeno Sarmento (1906-87), que foi interventor no Amazonas, quando tenente-coronel do Exército, em 1946.

Sede da Academia Amazonense de Letras, 1984


Octavio estudou em escola militar no Rio, porém, sem que se alcance o motivo, não conquistou o oficialato. Ainda assim, aos dezoito anos, fez parte de um batalhão do Exército na 4ª expedição contra Canudos (1897).

De retorno a Manaus, em 1904, foi incorporado ao círculo dos oficiais do Regimento Estadual, tendo alcançado o posto de tenente-coronel em 1912. Nessa condição, comandou a Policia Militar do Amazonas, interinamente, em 1919.  Lembrando que, no ano anterior, ocorreu a criação do Silogeu amazonense, tendo Octavio inaugurado a Cadeira 21, do também poeta Tenreiro Aranha.
Exercendo o jornalismo em Manaus, aproveitou para publicar nas páginas de periódicos, como habitual, alguns de seus poemas. No entanto, não deixou obra editada. Talvez esse descuido o tenha levado a ser tragado pela voragem do tempo, ingressando no rol dos “poetas esquecidos”. Com a publicação de A Uiara & outros poemas (Manaus: Valer, 2007), o acadêmico Zemaria Pinto mobilizou esforços para retirá-lo do limbo.

Morto aos 47 anos, Octavio foi sucedido pelo acadêmico Leopoldo Carpinteiro Péres (tio do saudoso acadêmico Jefferson Péres), nascido no Cabo (PE 1901-RJ 1948) que, numa coincidência funérea, morreu com a mesma idade do antecessor. Poeta e prosador, Péres deixou publicado entre outros livros, O Jardim das fontes silenciosas (poesia) e diversos poemas em jornais. Ainda assim, restou conhecido como político.
Em 1950, a 4 de fevereiro, para preencher a vaga de Leopoldo Péres foi eleito Ormando Sobreira de Sampaio (CE 1887-AM 1950). Nascido em Camocim (CE), cedo desembarcou em Manaus; aqui radicado, iniciou o curso de direito, mas o concluiu na Faculdade de Direito do Recife, em 1924.

De retorno ao Amazonas, exerceu a política, a advocacia, o magistério na Faculdade de Direito local, e o jornalismo na empresa Archer Pinto. Eleito para a Cadeira 21, aos 63 anos, Ormando preparava-se para a posse, quando, durante a posse do acadêmico Hugo Bellard, morreu no plenário do Silogeu vitimado por um colapso. O óbito aconteceu a 18 de março, todavia, na sessão de 22, a corporação dos imortais decidiu, por unanimidade e pela primeira vez, considerá-lo empossado.

Mas, a Cadeira continuava “panema”. Cinco anos depois, o padre salesiano José Pereira Neto (1911-79), então diretor do Colégio Dom Bosco, foi eleito para a vaga. Na ocasião, conclamava o presidente Pericles Moraes: a Academia deve “escolher um nome que esteja à altura das tradições da cultura e talento, com que tem sido honrada a Cadeira em apreço”.  (segue)

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