CATANDO PAPÉIS & CONTANDO HISTÓRIAS

quarta-feira, agosto 12, 2015

IGREJA DE N. S. DOS REMÉDIOS

Este post foi sacado do livro Egreja de Nossa Senhora dos Remedios: uma perigrinação evocadora do passado (Manaus: Imprensa Oficial, 1927), de autoria de João Batista Faria e Souza, que se identificava pelas iniciais J. B. Autor de várias obras sobre a história do Amazonas, todas "fora de catálogo", J. B. desapareceu de nossos cuidados.
Capa da publicação

Apenas, creio eu, segue homenageado pelo IGHA (Instituto Geográfico e Histórico do Amazonas), na condição de patrono de uma das Cadeiras daquela agremiação.
Na condição de redator do Diário Oficial, J B aproveitou para extrair de documentos oficias páginas e páginas da evolução de nossa cidade e de muitos de seus abnegados habitantes. Ainda de seus cuidados, o IGHA guarda uma hoje pequena parte da coleção de jornais publicados em Manaus, desde a origem da Província, organizada pelo mencionado J. B.

Os vigários da capela de N. S. dos Remédios desta cidade, desde 1850 à 1927:

Incendiada a igreja da freguesia, padre João Antonio da Silva passou a servir na capela de N. S. dos Remédios. Era então Vigário-Geral da Província o cônego Joaquim Gonçalves de Azevedo, que faleceu como arcebispo da Bahia e Primaz do Brasil a 6 de novembro de 1879.
Em fevereiro de 1855, o bispo do Pará e Amazonas, Dom José Afonso de Moraes Torres, resolveu permitir que, na capela do Seminário de São José, se administrassem todos os Sacramentos até que se edificasse uma Igreja Matriz. Nesse ano, a 10 de agosto, pelo aumento de serviço eclesiástico, foi nomeado coadjutor o padre Antonio Tavares Dornelas, que indo ao Rio de Janeiro no ano seguinte regressou a esta capital como capelão alferes da Repartição Eclesiástica do Exército. 
A 9 de novembro de 1856, apresentou-se ao comandante das Armas e, a 10, foi mandado admitir como adido ao Corpo Provisório da Província, "a fim de ser empregado como conviesse ao serviço". O padre Dornelas, que continuou como coadjutor do padre João Antonio, foi nomeado professor da escola de primeiras letras mandada estabelecer na guarnição do Amazonas por Aviso do Ministério da Guerra, de 19 de agosto de 1853. Essa escola foi instalada, nesta capital, a 3 de novembro de 1858.
Em Aviso desse Ministério, de 4 de abril de 1859, foi determinado que o capelão alferes padre Dornelas seguisse para o Rio Grande do Sul, para servir na guarnição dessa Província.  O padre Dornelas seguiu para o Sul a 11 de junho daquele ano, deixando o cargo de coadjutor da freguesia desta capital.
A 26 de março de 1862, prestou juramento e entrou em exercício do cargo de coadjutor o padre José Maria Fernandes, nomeado por provisão de 25 do mesmo mês. A 8 de maio, foi nomeado coadjutor o padre João Antonio de Faria, que, a 16 de dezembro do mesmo ano, foi dispensado, a seu pedido. 
No ano seguinte, a 28 de fevereiro foi nomeado coadjutor o padre Belarmino Francisco Marfins Gafanho, que assumiu o exercício a 8 de março. Assumira a vigararia-geral e da paróquia o cônego Romualdo Gonçalves de Azevedo.
A 25 de setembro, no impedimento do cônego Romualdo de Azevedo, o padre Manoel Justiniano de Seixas assumiu o exercício desses cargos. Dispensado a seu pedido, foi substituído, a 27 de outubro, na paróquia pelo coadjutor padre Inácio Heinze, que havia sido nomeado a 24.
Este foi dispensado a 2 de novembro, sendo substituído pelo padre João dos Santos Ferreira. 
Falecendo o pároco João Antonio da Silva a 26 de fevereiro de 1863, foi nomeado vigário interino o padre Francisco de Paula Cavalcante de Albuquerque que, a 2 de julho desse mesmo ano, foi nomeado coadjutor. O padre João dos Santos Ferreira, chegado a esta capital no dia 22 de julho de 1864, tomou posse, a 23, do cargo de coadjutor, para que fora nomeado pelo Bispo a 16 do mesmo mês.
A 6 de janeiro de 1865 tomou conta da vigararia o padre José Jesus Maria Pinto. Em 31 de outubro do mesmo ano foi nomeado o padre Manoel José Sanches de Brito, vigário encomendado da freguesia desta cidade. Tomou posse a 6 de novembro. Era então coadjutor o padre Augusto Collére.Por provisão do Bispo, de 16 de julho de 1866, foi nomeado o padre Dr. Antonio José Bentes vigário-geral e pároco interino de Manaus. Assumiu o exercício a 23 do mesmo mês. No ano seguinte, a 5 de março, foi nomeado reitor do Seminário de São José, continuando como pároco e vigário-geral. 
A 4 de dezembro desse mesmo ano (1867) o padre Bentes obteve dois meses de licença para ir a Belém. O requerimento em que pedia essa licença ao Bispo era concebida nestes termos:
"Exmo. e Revmo. Sr.O padre Dr. Antonio José Bentes, vigário-geral do Alto Amazonas, pároco interino de Manaus, precisando chegar a cidade de Belém da Província do Pará, a negócios de família, e também conferenciar com V. Exa. a respeito desta paróquia, vem pedir a V. Exa. três meses de licença, para esse fim, deixando encarregado da paroquia o reverendo padre Torquato, residente nesta cidade, do que esperaR. M.Manaus, 25 de novembro de 1867.Padre Antonio José Bentes.
DESPACHO:Concedemos dois meses de licença.Paço Episcopal, 4 de dezembro de 1867.+Antonio, Bispo do Pará".
 Ficou na direção da vigararia-geral do Alto Amazonas e da paróquia de Manaus, o reverendo padre Torquato Antonio de Souza. O padre Antonio José Bentes era doutor in Sacra Teologia pela Academia de Santo Apolinário, em Roma. 
O sitio Caxangá, no igarapé dos Educandos, onde está hoje construída a Usina Brasil Hevea, pertencia ao padre Bentes, que tinha ali a sua residência. O padre Bentes, já então cônego da Catedral de Belém, faleceu a 15 de abril de 1883, nessa cidade.
O padre Bentes, outra vez licenciado, foi substituído pelo coadjutor padre Augusto Collére e, mais tarde, pelo frei Samuel Luciani. 
Por provisão do Bispo, de 31 de março de 1869, foi nomeado o padre Dr. José Manoel dos Santos Pereira, pároco de Manaus e vigário-geral do Alto Amazonas. Foi apresentado por decreto de 12 de janeiro de 1870.
Em 25 de março do mesmo ano prestou juramento, como vigário colado da freguesia de N. S. da Conceição de Manaus. 
Sobre esse vigário escreveu o presidente, tenente-coronel João Wilkens de Mattos, no relatório com que abriu a Assembleia Legislativa da Província, a 25 de março daquele ano:
"Acha-se entre nós o Revmo. padre Dr. José Manoel dos Santos Pereira, vigário-geral da Província, e da paróquia desta capital, em que foi apresentado por decreto de 12 de janeiro último. A presença desse ilustre sacerdote tem levantado do abatimento moral e material o culto divino, que tanto havia sido esquecido nesta capital.A igreja dos Remédios, que serve de Matriz desde 1851, achava-se em um estado pouco decente.Reconhecendo eu o zelo e inteira dedicação no padre Dr. Pereira, não me demorei em prestar-lhe todo o auxílio compatível com as minhas atribuições. De acordo com ele, e sob a direção do chefe das obras públicas, tratei de regenerar, na parte material, o único templo em que os ofícios divinos eram e são celebrados. Essa igreja atesta o zelo apostólico de seu vigário, e contrasta singularmente com o passado.Sois testemunhas dos melhoramentos que esse templo recebeu, e do esmero do seu pároco, cuja palavra se faz ouvir todas as vezes que o cumprimento dos deveres de um bom pastor o exige. Não podem haver justas queixas contra o indiferentismo do atual vigário; ele é incansável, e extremamente devotado ao seu ministério"

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Em 1872, visitaram esta capital os respeitáveis Prelados desta diocese e da do Rio Grande do Sul. Chegaram a 13 e regressaram à Belém a 20 de outubro daquele ano. Ambos pregaram e celebraram na igreja de N. S. dos Remédios.
A população de Manaus mais uma vez manifestou os seus sentimentos religiosos, por ocasião da recepção de tão dignos luzeiros da Igreja Brasileira.
O presidente da Província, que era então o Dr. Domingos Monteiro Peixoto (mais tarde barão de S. Domingos), e o vigário-geral e da paróquia, padre Dr. Santos Pereira, se viram cercados das pessoas mais gradas nas manifestações de apreço aos distintos hóspedes.

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O vigário padre Dr. Santos Pereira percebia dos cofres provinciais os vencimentos anuais de 800$000 réis e o seu sacristão, Antonio José Corrêa (nomeado por provisão do vigário-geral de 30 de abril de 1870) os de 360$000 réis por ano, ou 30$000 por mês.
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O padre Dr. Santos Pereira inaugurou a nova igreja matriz de N. S. da Conceição (hoje Catedral) em 15 de agosto de 1877, pronunciando um belíssimo discurso. (Segue

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