CATANDO PAPÉIS & CONTANDO HISTÓRIAS

domingo, novembro 01, 2015

SANTUÁRIO DE BORBA (1)

Reproduzo o folheto Histórico da Igreja de Santo Antonio de Borba. Este folheto, sem identificação expressa de autor, foi serviço da Imprensa Oficial, em Manaus, deduzindo-se da sigla D.I.O. 1946, gravada na capa.

Igreja de Santo Antonio de Borba (reprodução)


A Igreja de S. Antonio de Trocano, hoje cidade de Borba, foi fundada, segundo o padre Serafim Leite, em História da Companhia de Jesus, “ao mesmo tempo que a missão homônima, pelo jesuíta padre João de Sampaio, o maior missionário do Rio Madeira, cujo nome se perpetua na limnografia da região com o Lago do Sampaio ou o lago do Padre Sampaio." 
Até 1740, existia Santo Antonio das Cachoeiras, mas, às instâncias dos superiores do Pará, para que fosse a sede das Missões do Madeira transferida para mais perto, já em 1743, surge Trocano, sob o mesmo orago, Santo Antonio. De 1741 a 1743, não há catálogos jesuíticos. Provavelmente, ou desapareceram durante a perseguição pombalina ou depois, pela desídia dos zeladores do Arquivo do Pará (Artur Viana, Anais do Pará IV, p.302) ou talvez não tenham sido escritos no período desses dois anos, visto a incerteza do estabelecimento definitivo nesses anos da sede da missão. 
Segundo Silva Araújo (pp. 62 e 63), a missão estabeleceu-se provisoriamente depois das Cachoeiras, na foz do Jamari, em Canuã no Ji-Paraná, na foz do Baeta e, por último, em Borba. 
Em 22 de Janeiro de 1743, falece Sampaio no engenho de Ibirajuba, tendo baixado de Trocano, já alquebrado. Substituiu-o como Superior, o padre Manuel Fernandes. Em 1744 é Trocano sede da missão. Em 1751, padre Aleixo Antonio S.J. trouxe para ela muitas índios do Rio Negro. Já tinha boa casa de residência para os padres. 
Em que mês tenha-se dado início aos trabalhos da fachada da igreja, não sabemos. O local da primeira igreja, parece ter sido o mesmo da de hoje e está com a fachada voltada para o igarapé, porto de então, onde ficavam em seguro as canoas e outras embarcações. 
A igreja atual, porém, não é mais a primeira, construída pelos jesuítas nem a que talvez fosse edificada para Matriz, quiçá por ordem de Mendonça Furtado. 
D. Frei Caetano Brandão, bispo do Pará, que de 19 a 21 de setembro de 1788, esteve em Borba, em visita pastoral, referindo-se à igreja escreve em suas Memorias: “A mesma Igreja está coberta de palha, as paredes esburacadas e negras; o pavimento de terra solta; os altares nus e com bastante indecências, pobríssima de ornamentos e alfaias”. 
No tocante à igreja espiritual diz: “Em tudo a mesma deformidade...”. Nos assentamentos de batizados de outubro de 1838 até 1840, lê-se: "na paroquial igreja do glorioso Santo Antonio de Araretama."
Atenuados os estos de nacionalismo exaltado, que por alguns anos grassou por toda a Amazônia, Borba voltou a ser chamada pelo seu antigo nome.
Assim, no fim dos assentamentos de 1840, o Visitador Silva (não sabemos se regular ou se diocesano), escreve: Visto em ato de visita... Borba, 18 de maio de 1840. 
Nos assentamentos de batizados até 28 de maio de 1853 o Vigário Colado Antonio Ferreira da Silva Franco escreve: "nesta paroquial Igreja de Santo Antonio de Borba." Em 25 de junho do mesmo ano, de 1853, o mesmo vigário escreve: "em uma capela ereta, em casa particular, por se achar, a Matriz arruinada... logo no seguinte assentamento, feito aos 30 de agosto de 1853, o mesmo vigário colado escreve: “em a casa que serve de Matriz”.
Em 23 de dezembro de 1869 ocorre o primeiro assentamento: "nesta paroquial igreja de Santo Antonio de Borba." O vigário interino, padre Francisco Benedito da Fonseca Coutinho. 
Em 1861, o engenheiro J. M. da Silva Coutinho, no relatório sobre alguns lugares da província do Amazonas, especialmente do Rio Madeira, tratando de Borba, escreve: "A Matriz atualmente em construção tem 50 palmos de frente, por 150 de fundo. Serve de matriz uma casa particular, acanhada, com alpendre para poder acumular os fieis... há por enquanto a coberta de telha e os moirões formando o esqueleto das paredes. O teto foi mal construído e, por isso, abateu em alguns pontos. Aconselhei ao vigário, que mandasse fazer 4 tesouras para evitar a ruína de todo o edifício"... De fato a igreja atual é muito larga, para o telhado. 
Mons. Coutinho, anos depois da estada do engenheiro J. M. da Silva Coutinho, a fim de evitar a ruina da igreja, mandou construir arcadas de boa alvenaria pelo mestre português Antonio Joaquim Pereira, que faleceu em Borba a 11 de fevereiro de 1939. (segue)

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