CATANDO PAPÉIS & CONTANDO HISTÓRIAS

sábado, junho 11, 2016

CINQUENTENÁRIO DE INCLUSÃO

Identificação do autor, 1965
Anotação para contar meu ingresso na Polícia Militar do Amazonas (PMAM). Começo por relembrar que durante o curso do NPOR, que participei em 1965, estivemos (eu e outros colegas) no quartel da Praça da Polícia, a procura de “emprego”. Os contatos foram realizados com o tenente-coronel Neper Alencar, então o subcomandante. Mas, era indispensável a conclusão do curso para o ingresso na Força e a efetivação no oficialato.

O curso terminou em 11 de fevereiro com a solenidade de formatura sucedida no pátio do 27 BC (hoje 1º BIS), presidida pelo governador do Estado Arthur Reis. No dia seguinte, numa sexta-feira, foi realizado o baile de formatura no Ideal Clube (um dos points nobres da cidade).

A partir daí, morador do Morro da Liberdade, e ainda desorientado pelo longo período de internato no Seminário, passei a me preocupar com o sustento e, por isso, estava à cata de trabalho. Até enfrentei um, por uma semana, numa funilaria “de fundo de quintal”, situada no início da rua Carvalho Leal, na beira do igarapé do 40, fabricante de cadeiras de ferro, com assento de plástico, imitando “macarrão” (ainda hoje encontradas).

Seguia sem buscar o andamento da solicitação junto à Polícia Militar. Nesse pit stop, por motivos afetivos, aceitei trocar o Morro pelo bairro de São Jorge, ocupando um quarto de estância. Foi nesse endereço ignorado, que o colega Osorio Fonseca me alcançou em uma manhã de sexta-feira para anunciar “uma boníssima nova”: nossa (porque ele também estava contemplado) inclusão na Força Policial.

Recorte do decreto nomeatório

Anos depois, nas minhas andanças em arquivos, recortei o decreto 575, 2 de junho (quinta-feira), que me incluía na PMAM, em caráter provisório. Estava (e os demais) comissionado no posto de segundo-tenente, sujeito a um período de estágio e de comprovação final. Nada disso, porém, para meu gáudio foi executado. Novo decreto me tornou efetivo. Assim, ingressei sem passar pela banca examinadora nem pelo serviço médico, apenas enfrentei a alfaiataria do subtenente Nonatão, para as medidas da farda caqui, apelidada, entre outras pérolas, de cor de “burro quando foge”.

Osório, naquela manhã, deu-me uma instrução básica: apresentar-me na segunda-feira no comando da Polícia Militar, para assumir o posto. Ainda relembro as fantasias e as suspeitas que me acometeram naquele longínquo final de semana. Ora pensava na condição de funcionário, de assalariado; ora na situação de oficial da PMAM, apesar do quartel decadente; ora na consequente evolução da carreira. De outro modo, imaginava que aquela conversa não passava de um trote, de uma “pegadinha”. Como não dispunha de meios para averiguar, melhor seria cumprir a ordem.

E foi o que fiz na manhã de 6 de junho, bendita segunda-feira. Desci do ônibus na Estação e caminhei em direção à Praça da Polícia. De longe, esgueirando-me entre as árvores, observava a movimentação no Café do Pina (à época, ao lado quartel), ponto de reunião da turma. A turma estava quase completa, e esse reencontro tornou-se, ainda mais naquela circunstância faustosa, um momento de refrigério.


À frente, o tenente Osório, pela antiguidade, conduziu-nos ao Quartel da Praça da Polícia, contando com pouco mais de 900 homens, e, desse modo, abria a primeira página de nosso gênesis na corporação militar do Estado. Dos nove tenentes de 1966, restam cinco coronéis reformados – Osório Fonseca, Amilcar Ferreira, Odacy Okada, Ruy Freire e eu, comemorando os Setentanos de idade. 

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