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quarta-feira, novembro 08, 2017

RETORNO DE CANUDOS: 120 ANOS

Capa do livro em 2ª edição
Em 5 de outubro passado, o fim das hostilidades em Canudos, aquele pedaço de terra à margem do rio Vaza-Barris, na Bahia, completou doze décadas. Para melhor compreender: naquele chão o beato Antônio Conselheiro tentou implantar seu “império” do Belo Monte. 

E, para soterrar este modesto devaneio, plantado nos ínvios sertões baianos, todavia foram necessárias quatro expedições militares. 
Enfim, nesse episódio, conhecido na história pátria por Guerra ou Campanha de Canudos (1896-97), morreram, estima-se, 25 mil brasileiros.


Na Quarta Expedição, engajou-se o 1º Batalhão do Regimento Militar do Estado do Amazonas, sob o comando do tenente-coronel Cândido Mariano (oficial do Exército). Constituiu a última tropa a ingressar no campo de lutas. Ao regressar, desembarcou em Manaus a 8 de novembro. Esta data por decreto governamental se tornou festiva, reservada a premiar policiais militares e civis com a medalha que leva o nome deste comandante.

Duas conversas realizadas nesses dias com membros da corporação, inquietaram-me. Ambas realizadas com oficiais: um oficial superior e um subalterno. Dois temas perpassaram as conversas, duvidar da presença da tropa da PM na luta e o desagrado com a extrema força militar empregada contra aqueles sertanejos. Ou seja, a Polícia Militar do Amazonas integrou uma forma desagregadora, punitiva, portanto, sem mérito a relembrar.

Desse entendimento, quem sabe, resulte o esquecimento do comando da PMAM em programar a festividade militar. A propósito, empenhei-me em lançar a 2ª edição de meu livro Cândido Mariano & Canudos, nessa data. Não consegui realizar a de maneira impressa, optei pela forma virtual.

De volta a conversa com os colegas. Disse-lhes basicamente que, para compreender aquele episódio fratricida, é necessário ter conhecimentos da época. Em outras palavras, não se deve avaliar aquele acontecimento com a visão hodierna.

E disse mais. O extermínio de Canudos não cabe exclusivamente as forças militares a responsabilidade. Estão bem identificados outros responsáveis pela evolução daquela campanha, inclusive a igreja católica. São políticos, imprensa, judiciário e o isolamento de Canudos. Menos o Conselheiro.


Desse modo, a PM do Amazonas não deve se omitir, inferiorizar-se porque no devido tempo, teve condições e ímpeto em socorrer o Governo Federal, apoiar a Força Terrestre. A data festiva não se destina a vangloriar-se do feito, porém recordar o sacrifício de tantos policiais que se empenharam na solução da Guerra do fim do mundo, no definição de Vargas Llosa. De tantos policiais que se empenham no dia-a-dia da segurança da cidade e de seus habitantes. 

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