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quinta-feira, dezembro 07, 2017

GOVERNO MILITAR E O DESAFIO AMAZÔNICO (2)



Danilo Areosa
Prosseguindo com a postagem anterior, sobre o tema, reproduzo mais um trecho do Almanaque Municipal Brasileiro, de 1970, quando era governador do Amazonas Danilo de Matos Areosa.


Manaus é a sede do Comando Militar da Amazônia

A transferência do Comando Militar da Amazônia de Belém para Manaus marcou a maior presença do Exército, nos seus objetivos de Segurança e Desenvolvimento, em relação aos 3/5 de Brasil quase sem ocupação: a Amazônia.

Esse deslocamento do CMA para Manaus — capital da Amazônia Ocidental — evidencia a penetração fardada, senão a conquista de novos e remotos espaços geográficos, onde a dispersão demográfica e as grandes distâncias representam a maior dimensão do problema da integração. O Exército quer ocupar — deixar seus rastros de colonização do vazio. Está marchando mato adentro, transpondo rios e pântanos, para que o sigam atrás da farda, nos sulcos de seu desbravamento, as colunas do empresariado industrial, agrícola e de comercialização, implantando núcleos com condições de fixação do brasileiro no Brasil amazônico.

Recorte da citada publicação 
Por isso Manaus é a sede do Comando Militar da Amazônia. Porque Manaus funciona como centro irradiador da Amazônia Interior — a mais perdida, a mais distante, a mais longe do Brasil Desenvolvido, a que mais necessita do pioneirismo do soldado.

As gandolas entram com o capital do sacrifício. Por baixo da Bandeira que se mistura com o verde das copas, o ponto civilizador iniciado: o quartel, salpicos de casas de sapé, a escolinha, o hospital, a olaria, a serraria, a chaminé da pequena usina elétrica. Em suma: a ocupação implantada, ainda balbuciante, mas a matriz do que será, em breve, a grande Amazônia Brasileira.

Em Manaus, além da sede do CMA, está o CIGS, o Centro de Instrução de Guerra na Selva. É sem favor, o mais treinado e eficiente corpo de tropa de sua especialidade. Nem no Vietnã — nem em selva outra de paz ou de guerra — existe um CIGS com tamanho poder operativo e mobilidade de combate em meio adverso. É a lição da anti-guerrilha.

Sua fama se projetou em outros Exércitos. Pois o CIGS está formando, nas técnicas da guerra na selva, oficiais de outras nações amigas. Sua missão é a de transformar homens em supersoldados. Quem não possuir têmpera de aço, vontade dura, saúde excepcional e, sobretudo, quem não tiver motivação cívico-militar, não resistirá às rígidas instruções do CIGS. Ele forma homens para vencer. Produz a síntese da Coragem-Civismo-Técnica, dentro do imoderado amor à Pátria.

Trabalho da Força Aérea junto aos indígenas

O antigo 27° BC, hoje o 1° Batalhão de Infantaria da Selva, foi o primeiro apoio do Exército em Manaus. De suas baionetas partiu tudo o que existe na área militar da Amazônia Interior. É um Batalhão querido do povo, por onde passaram as lideranças regionais. Governadores do Amazonas contam com orgulho que foram praças do então 27° BC.

Hoje, este Batalhão prepara o soldado para a missão de fronteira, a mais prioritária do verde-oliva. Nas faixas perdidas da grande planície setentrional, a bandeira do CMA assinala a vigilância permanente e a progressiva integração. De Manaus parte o apoio logístico.

Ainda em Manaus funcionam, entre outras organizações militares, o Hospital Geral de Manaus, a Companhia Especial de Transportes, a 29ª CSM, a Comissão de Obras, com seu canteiro de construções que não lhe permitiu, sequer, pela arrancada de trabalho, o levantamento de sua sede própria. A Comissão opera na construção de casas para oficiais e sargentos, como em outros setores vinculados aos objetivos de integração.


Na Amazônia, o Exército assumiu características regionais. Outro Exército dentro do mesmo Exército. Um Exército caboclo – tão índio e tão Brasil — abrindo caminho para a passagem da civilização brasileira. O Exército exato para a Amazônia. 

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