CATANDO PAPÉIS & CONTANDO HISTÓRIAS

sexta-feira, dezembro 08, 2017

GOVERNO MILITAR E O DESAFIO AMAZÔNICO (3)


Encerrando a postagem acerca da descrição de algumas Unidades da Força Terrestre no interior do Amazonas, elaborada pelo Governo dos Generais, em revista especial (foto), circulada em 1970.

O Soldado no Postal de Cucui


Tudo em volta de Cucui é verde e belo, dentro do grande silêncio potâmico. Lá, entre árvores e água — em cima o azul cintilante do céu — perfila-se o 4° Pelotão de Fronteira. Um punhado estoico de verde-oliva que ocupa os espaços em nome do Brasil. Defronte ao quartel, a famosa Pedra do Cucui, já no território venezuelano, perto da fronteira do Brasil e da Colômbia.

Ali também chegou o padre com o Exército. Gandola e batina, numa autêntica cruzada de desbravamento e conquista, convocaram pequenas comunidades salpicadas para a obra educacional e cívica. A cartilha na frente, de mãos dadas com a saúde e a palavra Brasil.
Cucui está sendo ocupado. O índio deixa a maloca e aprende a cantar o Hino Nacional. O braço corta a árvore, e da clareira surge o roçado. Uma agricultura de sobrevivência. Espetam o céu pequenas chaminés. Do rastro da farda vai nascendo a obra sonhada de integração.



O Brasil chegou ao Içá

Ipiranga, sede do 2° Pelotão de Fronteiras, no Rio Içá, funciona como centro integrador na imensa região. Não faz muito tempo era mato virgem, sem sinal de civilização, com uns poucos nativos desterrados naqueles verdes. A presença do homem era assinalada por canoas esparsas que subiam ou desciam o rio em razão da pesca para sobrevivência.

Mas chegou o quartel com a sua correspondente ação civilizadora. O velho Rio Içá, tão primitivo, tão sem Brasil, experimentou pela primeira vez o toque de uma alvorada de ocupação humano-econômica. E apareceram a quadra de esporte, a granja, o alfabeto militar para a criança e o homem perdidos. Em função social, o Exército começou a lecionar vida moderna para as gentes de Içá. A roça mais racional, a implantação do curral e o artesanato. No mastro do quartel, a Bandeira do Brasil é uma mensagem eterna de integração. 

Recorte do Almanaque Municipal
Ele é responsável pelo movimento cívico em relação ao Desenvolvimento. Produz o soldado e o cidadão. Implanta a escola e o complexo social que torna possível a fixação do homem. É a Bandeira no mastro além das copas, como corolário de um trabalho produtivo de conquista. A colonização que sempre acompanhará a presença do Exército na região significa o apossamento da terra: o cultivo, novas técnicas o agrícolas, o criatório, tudo o que a terra poderá produzir para sobrevivência do homem do Brasil.

Tabatinga está dividida em dois centros principais, interligados na obra integradora: o civil, no povoado de Marco, por onde passa a divisa Brasil—Colômbia, e o militar, que se desdobra pelo resto da área, semeando núcleos paisanos de ocupação. Destaca-se, neste espaço, a Vila Militar, com o grupo escolar, o quartel, casas e uma farmácia. Manaus fica a 5 dias de navio e 12 de pelo lancha, mas um avião da FAB, tipo Catalina, aterrissa naquela região banhada pelo Solimões todas as semanas.

Vejam que o novo Comando Militar, dentro do espírito da antiga Colônia Militar, vai também ao encontro do brasileiro roceiro, na área, ensinando-lhe o bê-á-bá da agricultura moderna. Nesta missão prolongada, o Exército proporciona assistência dentária, veterinária, deflagrando um processo continuado de alfabetização.

É preciso que a farda dê de tudo, porque não existe mesmo nada na área. Dessa operação conjugada — da farda com a ocupação econômica — repontam os setores de agropecuária, industrial, comercial, serviços públicos, habitacional e sanitário, sendo que o fator educação do homem é o capitânea de todas as metas. Crianças, quando deixam a escola pela manhã, buscam à tarde os aprendizados de carpintaria, olaria, serraria, colchoaria, oficinas mecânicas e construção de embarcações típicas da região.

Situação atual do Pelotão situado em
Vila Bittencourt - Japurá,
recebendo a visita do ministro da Defesa.
Vai assim o soldado aplicando uma educação pragmática ao homem da fronteira. Uma educação prática, ensinando ao homem o que necessita aprender para transformar o mato em Brasil. Estes Comandos Militares – progresso natural dos pelotões e companhias de fronteira – são o arremate tático da ocupação. Funcionam como colmeias de ensinamentos úteis. E significam o único apoio – ao lado de outros dispositivos fardados – que tem o brasileiro da fronteira para a sua integração definitiva na comunidade nacional.

Nenhum comentário:

Postar um comentário