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quarta-feira, dezembro 06, 2017

GOVERNO MILITAR E O DESAFIO AMAZÔNICO (1)

Capa da publicação
Em 1970, em pleno verdor do Governo Militar (1964-85), a presidência de Garrastazu Medici faz circular especial publicação expondo a situação dos municípios, intitulada de Almanaque Municipal 
Brasileiro. Aproveita, ainda, para apregoar os avanços ministeriais.

Repartidos por Estados, o almanaque tocante ao Amazonas, então governado por Danilo de Matos Areosa (1967-71), traz um apologia sobre a atuação das Forças Armadas, destacando a Força Terrestre, efetivamente a maior em atuação na região amazônica.

Esta postagem compartilha o texto constante do volume sobre o Amazonas, discurso como se vê sopesa a expansão governamental sobre a Amazônia.

O EXÉRCITO NA PROA DO DESAFIO AMAZÔNICO

O quartel do seu Exército continua na Amazônia. Continua, porque sempre esteve dentro da amplidão verde que a farda conquista para a nossa economia. Principalmente agora, o Exército Brasileiro penetra nos 3/5 do Brasil amazônico, fixando-se nos pontos estratégicos de ocupação humana e econômica. Ao lado da FAB e da Marinha de Guerra, no mesmo abraço integrador, vai o verde-oliva rasgando espaços de integração, numa resposta viva ao maior desafio do século: a Amazônia.

Os claros demográficos e econômicos, todo o vazio continental de florestas e rios da grande área — recebem a ação colonizadora do soldado, mediante o apoio dos Ministérios do Interior, dos Transportes, da Saúde e da Agricultura, num movimento integrado de apossamento da maior fronteira virgem do Desenvolvimento Nacional.

Numa área cujo conceito geográfico transborda de nossos limites político — alcançando, além do Brasil, a Colômbia, Peru, Bolívia, Venezuela, Equador, Guiana, Suriname e Guiana Francesa —, o Exército irrompe como sentinela avançada no dorso do universo amazônico.

Catalina CA-12 "ancorado" num trecho de rio amazônico
Aceita, de frente, a carga ocupacional de um terço da reserva florestal do mundo, na vigésima parte do planeta. São 9 mil km de linhas de fronteira — volume linear maior do que a nossa costa atlântica — debaixo de vigilante e poderoso dispositivo de Segurança produzido pelo Triângulo das 3 Armas. Mas, além da missão primordial de Segurança, reponta o sacerdócio do desbravamento.

O Exército reconstitui, no mar das selvas, a epopeia das bandeiras, imprime o seu timbre rondoniano. Foi assim no Brasil-Sul, todo ele integrado pela farda, ocupado pelas gandolas pioneiras. É assim no Super-Brasil da Amazônia, todo ele encampado pela presença humana do uniforme. Oiapoque, Manaus, Roraima, Cucuí, Japurá, Ipiranga, Tabatinga, Estirão do Equador, Palmeira, Rio Branco, Cruzeiro do Sul, Guajará-Mirim, Forte Príncipe da Beira, Porto Velho — todo o corpo verde da Amazônia — experimentam os impulsos de integração do Exército.

Brancos, pretos, mulatos, índios — a grande raça dentro da mesma farda — a levantar o status social de comunidades vegetativas, levando a saúde, a cartilha e o complexo de infraestrutura essencial à arrancada do Desenvolvimento.

Onde o Brasil é apenas uma ficção geográfica — nas faixas ainda sem Brasil — o Exército Brasileiro implanta a Pátria física: o homem e sua economia. Em todos os quadrantes — lá, onde só existe o nada — o soldado deixa o rastro da colonização.

Sentinelas da Amazônia — o braço armado do Brasil — elas chegam primeiro com a marca do exemplo. Para definitiva ocupação do vazio. (veja próxima postagem)

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